terça-feira, 5 de abril de 2016

Jornalismo, é preciso resgatá-lo de fato e de direito

O atual ecossistema de notícias aparentemente mais rico pela tecnologia deveria ter melhor qualidade. Ele está mais fino e é uma tendência atual vinda da Internet, mas matérias produzidas e bem elaboradas praticamente são rarefeitas. Perderam-se como uma bomba de nêutrons, onde a mesmice sobreviveu, levando na implosão a criatividade. Resultado: a dualidade se estabeleceu com a falta de cuidado da informação.
Falsa ilusão do melhor pela rapidez. No entanto, infinitamente pior por abrir brecha para a desinformação. O que se observa hoje é a tecnologia digital, de um lado, priorizando instituições, tornando-as poderosas na organização da pauta de notícias. E, invariavelmente em detrimento da Comunidade, do bem-comum.
E do outro lado, a selvageria da desinformação devorando sem critério algum o cidadão e a própria Cidadania. O público de Rádio, ao meu ver, deseja e quer a ampliação da prestação de serviço. Quer que o veículo não tenha vícios políticos, com mais clareza, princípios e valores: informação e não desinformação e falta de conteúdo, que predomina na sua totalidade.
Esse “rádio ouvinte”, hoje é bem mais participativo, tem opinião que precisa ser respeitada. Acima de tudo, abomina a prática de um jornalismo tendencioso, mascarado, onde a notícia unilateral não tem compromisso com a verdade e a transparência real dos fatos.
A notícia é hoje mais democrática sem dúvida, por ampliar a participação, abrir o leque. Porém, ao mesmo tempo, é mais idiota – a área de cobertura dos governos municipal, estadual e federal conceitua meu pensamento, sendo ampla, mas totalmente desastrosa, apressada e sem os cuidados básicos jornalísticos exigidos.
Assim, a inversão de valores se estabelece: há abundância de veículos jornalísticos que não corresponde ou significa em geral riqueza de reportagens ou matérias criteriosas, verdadeiras e bem-sucedidas, no impresso ou na mídia eletrônica.
Por vivência diária e experiência própria, contato direto com o ouvinte/leitor ao longo de mais de quatro décadas, considero que o Jornalismo Comunitário deveria ter mais espaço e hora de ser e existir. No contexto, pautas importantes como Educação, Saúde e Meio Ambiente, além de outras fontes ricas no espírito de informação comunitária, praticamente, se eclipsaram ou desapareceram melancolicamente, no declínio paralelo nas reportagens locais.
A imparcialidade ainda é um mandamento vital e importante na formação do repórter e para o próprio existencialismo do Jornalismo. O mesmo famigerado fenômeno acontece com a Ética na Informação: é preciso, portanto, resgatá-las urgentemente, para não padecermos de falta de credibilidade maior.
Os problemas que citei acima são fundamentais para banir a desconfiança. Jornalismo é Jornalismo e sempre será em qualquer veículo e modalidade, mas bom-senso e noções básicas de qualquer profissão não podem ser violadas ou jogadas ao vento. Vejo surgir um consenso que, levando em conta o todo, é muito mais saudável para um trabalho jornalístico de interesse público.
E assim deve ser. A realidade é que não podemos inovar desprezando a base, os princípios e os valores. A notícia é grandiosa por si só, não precisa de impacto consideravelmente alarmante. O efeito contrário a essa regra, no meu ver, se torna particularmente prejudicial no consenso geral da informação: é preciso evitar o Deus dos cliques – receita publicitária ou algo semelhante, sempre gerador da desinformação e não condizente com a ética e justiça social. Hoje temos a velocidade da informação como roda giratória, mas a velocidade em nome apenas da velocidade e não da veracidade dos fatos, ou conteúdo gratuito, sem sustentação, altamente irresponsável e deletério.
Infelizmente, parece que o tempo parou em termos nacionais. Somos causa e efeito de nossos erros em um verdadeiro moto contínuo. Vivemos uma crise sem precedentes, porém há uma onda de pessimismo no país. A herança pura e simples ainda da má gestão da economia. A mediocridade política em geral não se deve à crise internacional.
E o pior essa mesma mediocridade está criando e fomentando cada vez mais o temor de colapso. Sarneyzação, o impeachment de Dilma na ilusão de que isso estancaria a crise econômica e restauraria o crescimento, na verdade é falta de competência de mobilização e articulação para frear o pior.
 Agora uma paralisia política durante o processo vai é piorar a economia e alimentar o pessimismo, originando novos acidentes de percurso. Os tempos mudaram e a mudança é favorável para aguentarmos a atual turbulência. Precisamos cada vez mais construir instituições sólidas, mas com responsabilidade nacional acima de tudo. Ainda não está tudo perdido.
 A indústria sofre demais os efeitos atuais, mas tem imunidade porque continua complexa e diversificada. E o agronegócio se tornou um dos nossos mais competitivos segmentos.