sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Floradas do Tietê-

Crônicas da Cidade

Véspera de Primavera... 2013, setembro. E a música dos Titãs: “O Acaso Vai Me Proteger” toca na programação da Rádio Iguatemi AM/SP. Estou concentrado no noticiário que vai ao ar de hora em hora. Nem percebo a chegada de bons e queridos amigos.  Luciana Freitas e Mario Mantovani -SOS Mata Atlântica- Eles vão participar do Programa Show do Figueiredo. A visita inesperada transporta-me imediatamente no tempo e no espaço. É dia do Rio Tietê!!!

Acredito em acaso. Acredito em lugar certo na hora certa. Acredito em coincidências que mudam de vez nossas vidas  e a própria caminhada da humanidade. A magia do acaso é simplesmente transformação divina. Ela interioriza o espírito, ouve o que não se diz. É capaz de ver na escuridão da noite. O corpo etérico de toda forma de Natureza é, na realidade, parte integral da Substância do Próprio Deus. Foi assim, que juntos ao soprar do Acaso...na esteira do tempo, pulsamos em energia! Eu, Luciana e Mantovani expressamos o regresso!!!Estacionamos nas ondas do rádio, em setembro de 1990.
A Rádio Nova Eldorado AM faz programa especial ao vivo, com dois repórteres: um, da própria emissora,  em São Paulo, navegando pelo Rio Tietê. Outro, José Carlos Santana, do serviço da emissora de rádio britânica British Broadcasting Corporation-BBC- navegando nas águas límpidas e despoluídas do Rio Tamisa de Londres, na Inglatera. Vem 1992. Surge em cena Teimoso, um jacaré  de-papo-amarelo. O animal carismático ganha a mídia se transforma em símbolo, a chamar a atenção do público para a situação agônica do rio.
Não poderíamos imaginar na época a presença de um ser vivo nas águas fétidas e escuras. Teimoso é um agradável fator do acaso, surpresa que causa comoção popular. Resultado: um milhão e duzentas mil assinaturas coletadas rapidamente, pedindo a despoluição do Tietê, transformando o projeto, o Projeto Tietê, no maior de recuperação ambiental do país. A participação do Zé Carlos Santana abordava a recuperação do rio Tamisa, do sul da Inglaterra, que banha Oxford e Londres e deságua no mar do Norte. Lembro bem dos detalhes: informações, dados, despoluição, características da foz do rio, Geografia  e histórico dos tempos do 'Grande Fedor' – como o Tamisa ficou conhecido em 1858, quando as sessões do Parlamento foram suspensas por causa do mau cheiro.
O start do mestre-jornalista Marco Antonio Gomes, de toda a equipe do Jornal do Meio Ambiente, Neuza Serra, Marco Antonio Sabino, Sergio Leopoldo Rodrigues ... acendeu  a lâmpada da idéia de como conduzir uma campanha para salvar o nosso Rio Tietê. No caso do Tamisa, foram quase 150 anos de investimento na despoluição das águas.
Bilhões de libras mais tarde, remadores, velejadores e até pescadores voltaram a usar o rio, que hoje registra 121 espécies de peixe em suas águas.
A infra-estrutura construída na época, permanece até hoje como a espinha dorsal da rede atual, apesar das várias melhorias ao longo dos anos.
Com esse DNA londrino... nasceu a campanha para salvar o nosso Rio Tietê. O projeto entra na terceira fase, mais de dois bilhões de reais já foram investidos.
Zeloso, Mario Mantovani conta-me que não houve desvio de verbas nesta trajetória de 20 anos. Talvez dez ou mais vinte anos para o Tietê respirar como o Tamisa.É véspera de mais uma Primavera.  O Acaso Vai  Nos Proteger em meio as floradas do amanhã de um rio - que em tupi-guarani  significa rio por excelência- Rio Tietê.  
Luciana e Mario deixam os estúdios da Rádio Iguatemi. Nos espedimos... sem querer, novamente por Acaso, percebo em um canto perdido de minha mesa o  livro O Peregirno Querubínico- Cherubinischen Wandersmann- de Angelus Silesius. “Aquele que interiorizou seu espírito ouve o que não se diz e vê na escuridão da noite”....


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