Floradas do Tietê
Crônicas
da Cidade-Floradas do Tietê Anderson
França
Véspera
de Primavera... 2013, setembro. E a música dos Titãs: “O Acaso Vai Me Proteger”
toca na programação da Rádio Iguatemi AM/SP. Estou concentrado no noticiário
que vai ao ar de hora em hora. Nem percebo a chegada de bons e queridos amigos.
Luciana Freitas e Mario Mantovani -SOS Mata Atlântica- Eles vão
participar do Programa Show do Figueiredo. A visita inesperada transporta-me
imediatamente no tempo e no espaço. É dia do Rio Tietê!!!
Acredito
em acaso. Acredito em lugar certo na hora certa. Acredito em coincidências que
mudam de vez nossas vidas e a própria caminhada da humanidade. A magia do
acaso é simplesmente transformação divina. Ela interioriza o espírito, ouve o
que não se diz. É capaz de ver na escuridão da noite. O corpo etérico de toda
forma de Natureza é, na realidade, parte integral da Substância do Próprio
Deus. Foi assim, que juntos ao soprar do Acaso...na esteira do tempo, pulsamos
em energia! Eu, Luciana e Mantovani expressamos o regresso!!!Estacionamos nas
ondas do rádio, em setembro de 1990.A
Rádio Nova Eldorado AM faz programa especial ao vivo, com dois repórteres: um,
da própria emissora, em São Paulo,
navegando pelo Rio Tietê. Outro, José Carlos Santana, do serviço da emissora de
rádio britânica British Broadcasting Corporation-BBC- navegando nas águas límpidas
e despoluídas do Rio Tamisa de Londres, na Inglatera. Vem 1992. Surge em cena Teimoso,
um jacaré de-papo-amarelo. O animal
carismático ganha a mídia se transforma em símbolo, a chamar a atenção do
público para a situação agônica do rio.
Não
poderíamos imaginar na época a presença de um ser vivo nas águas fétidas e
escuras. Teimoso é um agradável fator do acaso, surpresa que causa comoção
popular. Resultado: um milhão e duzentas mil assinaturas coletadas rapidamente,
pedindo a despoluição do Tietê, transformando o projeto, o Projeto Tietê, no maior de recuperação ambiental do país. A
participação do Zé Carlos Santana abordava a recuperação do rio Tamisa, do sul da Inglaterra, que banha Oxford
e Londres e deságua no mar do Norte. Lembro bem dos detalhes: informações, dados, despoluição, características da foz do
rio, Geografia e histórico dos tempos do
'Grande Fedor' – como o Tamisa ficou conhecido em 1858, quando as sessões do
Parlamento foram suspensas por causa do mau cheiro.
O
start do mestre-jornalista Marco Antonio Gomes, de toda a equipe do Jornal do
Meio Ambiente, Neuza Serra, Marco Antonio Sabino, Sergio Leopoldo Rodrigues ...
acendeu a lâmpada da idéia de como conduzir uma campanha para salvar o
nosso Rio Tietê. No caso do Tamisa, foram quase 150 anos de investimento na
despoluição das águas.Bilhões de libras mais
tarde, remadores, velejadores e até pescadores voltaram a usar o rio, que hoje
registra 121 espécies de peixe em suas águas.A infra-estrutura
construída na época, permanece até hoje como a espinha dorsal da rede atual,
apesar das várias melhorias ao longo dos anos.Com esse DNA londrino...
nasceu a campanha para salvar o nosso Rio Tietê. O projeto entra na terceira
fase, mais de dois bilhões de reais já foram investidos.Zeloso, Mario Mantovani
conta-me que não houve desvio de verbas nesta trajetória de 20 anos. Talvez dez
ou mais vinte anos para o Tietê respirar como o Tamisa.É véspera de mais uma
Primavera. O Acaso Vai Nos Proteger em meio as floradas do amanhã de
um rio - que em tupi-guarani significa rio por excelência- Rio Tietê. Luciana e Mario deixam os
estúdios da Rádio Iguatemi. Nos espedimos... sem querer, novamente por Acaso,
percebo em um canto perdido de minha mesa o
livro O Peregirno Querubínico- Cherubinischen Wandersmann- de Angelus
Silesius. “Aquele que interiorizou seu espírito ouve o que não se diz e vê na
escuridão da noite”....
Amei essa crônica! Ah,esse lindo Tietê... Um dia há de respirar feliz.. Chegará o dia em que suas águas serão límpidas...
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