Anderson França
O atual ecossistema de
notícias aparentemente mais rico pela tecnologia deveria ter melhor qualidade.
Ele está mais fino e é uma tendência atual vinda da Internet, mas matérias
produzidas e bem elaboradas praticamente são rarefeitas. Perderam-se como uma bomba
de nêutrons, onde a mesmice sobreviveu, levando na implosão a criatividade.
Resultado: a dualidade se estabeleceu com a falta de cuidado da informação.
Falsa ilusão do melhor pela rapidez. No entanto, infinitamente pior por abrir
brecha para a desinformação. O que se observa hoje é a tecnologia digital, de
um lado, priorizando instituições, tornando-as poderosas na organização da
pauta de notícias. E, invariavelmente em detrimento da Comunidade, do
bem-comum. E do outro lado, a selvageria da desinformação devorando sem
critério algum o cidadão e a própria Cidadania. O público de Rádio, ao meu ver,
deseja e quer a ampliação da Prestação de Serviço. Quer que o Veículo não tenha
vícios políticos, com mais clareza, princípios e valores: informação e não desinformação
e falta de conteúdo, que predomina na sua totalidade. Esse “radio ouvinte”,
hoje é bem mais participativo, tem opinião que precisa ser respeitada. Acima de
tudo, abomina a prática de um jornalismo tendencioso, mascarado, onde a notícia
unilateral não tem compromisso com a verdade e a transparência real dos fatos.
A
notícia é hoje mais democrática sem dúvida, por ampliar a participação, abrir o
leque. Porém, ao mesmo tempo, é mais idiota – a área de cobertura dos governos
municipal, estadual e federal conceitua meu pensamento, sendo ampla, mas totalmente
desastrosa, apressada e sem os cuidados básicos jornalísticos exigidos. Assim,
a inversão de valores se estabelece: há abundância de veículos jornalísticos
que não corresponde ou significa em geral riqueza de reportagens ou matérias
criteriosas, verdadeiras e bem-sucedidas, no impresso ou na mídia eletrônica.
Por vivência diária e experiência própria, contato direto com o ouvinte/leitor
ao longo de mais de quatro décadas, considero que o Jornalismo Comunitário
deveria ter mais espaço e hora de ser e existir. No contexto, pautas
importantes como Educação, Saúde e Meio Ambiente, além de outras fontes ricas
no espírito de informação comunitária, praticamente, se eclipsaram ou
desapareceram melancolicamente, no declínio paralelo nas reportagens locais. A
imparcialidade ainda é um mandamento vital e importante na formação do repórter
e para o próprio existencialismo do Jornalismo. O mesmo famigerado fenômeno
acontece com a Ética na Informação: é preciso, portanto, resgatá-las
urgentemente, para não padecermos de falta de credibilidade maior.
Os problemas que citei acima são fundamentais para banir a
desconfiança. Jornalismo é Jornalismo e sempre será em qualquer veículo e
modalidade, mas bom-senso e noções básicas de qualquer profissão não podem ser
violadas ou jogadas ao vento. Vejo surgir um consenso que, levando em conta o
todo, é muito mais saudável para um trabalho jornalístico de interesse público.
E assim deve ser. A realidade é que não podemos inovar desprezando a base, os
princípios e os valores. A notícia é grandiosa por si só, não precisa de
impacto consideravelmente alarmante. O efeito contrário a essa regra, no meu
ver, se torna particularmente prejudicial no consenso geral da informação: é
preciso evitar o Deus dos cliques – receita publicitária ou algo semelhante,
sempre gerador da desinformação e não condizente com a ética e justiça social.
Hoje temos a velocidade da informação como roda giratória, mas a velocidade em
nome apenas da velocidade e não da veracidade dos fatos, ou conteúdo gratuito,
sem sustentação, altamente irresponsável e deletério.
Infelizmente, parece que o tempo parou em termos nacionais.
Somos causa e efeito de nossos erros em um verdadeiro moto contínuo. Vivemos
uma crise sem precedentes, porém há uma onda de pessimismo no país. A herança
pura e simples ainda da má gestão da economia. A mediocridade política em geral
não se deve à crise internacional. E o pior essa mesma mediocridade está
criando e fomentando cada vez mais o temor de colapso. Sarneyzação, o
impeachment de Dilma na ilusão de que isso estancaria a crise econômica e
restauraria o crescimento, na verdade é falta de competência de mobilização e
articulação para frear o pior. Agora uma paralisia política durante o processo
vai é piorar a economia e alimentar o pessimismo, originando novos acidentes de
percurso. Os tempos mudaram e a mudança é favorável para aguentarmos a atual
turbulência. Precisamos cada vez mais construir instituições sólidas, mas com
responsabilidade nacional acima de tudo. Ainda não está tudo perdido. A
indústria sofre demais os efeitos atuais, mas tem imunidade porque continua
complexa e diversificada. E o agronegócio se tornou um dos nossos mais
competitivos segmentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário